Esse ano passou rápido
Feliz Ano-Novo! Planejei meu ano. Fui no Laranjal. Água tava imprópria. Falei para ela que dava para molhar só os pés “não dá nada”. Molhei só os pés. Dois dias depois tava com hepatite. Começou um incêndio terrível na Austrália. Terremotos na Turquia. Ela disse que a gente não tinha como dar certo. Terremoto no Caribe. Eu convenci que a gente podia dar certo. Ela viajou pra Serra. Covid começou a se espalhar pelo mundo. Ela voltou pra Pelotas. O forno elétrico da minha mãe estragou. Comida crua é ruim. Se o chinês que comeu o morcego tivesse um forno. Tirei um forno para mãe.
Choveu muito em Minas. A Itália fechou. Ela voltou a conversar com um cara que eu detesto. Covid chegou na Espanha. “Eu não vou mais falar com Alexandre, tá Lyon?”. A gente voltou. Os caminhões levando corpos chocaram o mundo. Minha mãe se chocou porque o micro-ondas estragou. Tirei um novo para ela. Última prestação foi mês passado. Covid se espalhou pelo Brasil. O racismo matou George Floyd nos Estados Unidos. Ela resolveu ir morar na Serra. Não pude ir junto. A gente terminou. O vírus chegou com força. Morreu um médico pelotense. Ela não pode ir pra Serra. Minha mãe ficou feliz com o novo micro-ondas.
Conheci uma guria tão bonita que parecia fake. Houve confronto entre manifestantes e policiais nos Estados Unidos. A guria bonita não era fake e beijava muito bem. Terremoto no México. Ela era geminiana. Que signo terrível. Gafanhotos na Argentina. Dizem que eles destroem tudo por onde passam. Será que ela foi para Argentina ao invés da Serra? A geladeira da minha mãe estragou. Me convidaram para ser vereador. Eu ainda sonho com ela. Falei para o pessoal ficar em casa. Fui cancelado. A mãe comprou um freezer usado. Um ciclone bomba veio para o sul. Depois da enfermeira bonita que parecia fake, conheci mais sete mulheres bonitas. Todas da área da saúde. Me questionei se tinha cara de doente. Teve lockdown. Convidei a galera pra fazer uma zueira. O filho do presidente caiu na zueira. Meu perfil do instagram também caiu. Sai no G1.
O freezer da mãe não funciona bem. Ela ligou para o cara que vendeu. Ela ligou errado. O freezer funciona e faz gelo para caraleo. Conheci o André. Ele disse que eu tinha que escolher entre ser político ou humorista. Ele falou que não iria se intrometer. O presidente disse que covid era só uma gripezinha. O presidente pegou covid. O André se intrometeu. Vacina de Oxford apresenta bons resultados. Queimada no Pantanal. Uma moça tatuou uma girafa. Não tem girafas no Pantanal. Ela tem um novo namorado. Todo mundo fez questão de mandar print no inbox. Minha mãe ficou feliz com freezer, mas ainda chora porque sente saudade do meu pai. O governador do RJ é corrupto. O filho do presidente é corrupto. É um saco usar máscara. Deve ser um saco ter que usar máscara para sempre. É igual ser libriano. Comecei dieta. Comi Johnnie Jack. Parei a dieta.
Conheci uma leonina com covinha no sorriso. Linda. Outra vez enfermeira. O freezer da mãe segue gelando. Meu irmão quer um fone sem fio. “Se fizer os temas te dou um fone”. Dei o fone. Ele não fez os temas. Teve eleições. Entrevistei todos os candidatos. Menos o Cabedal. Ele arregou. Quase ninguém foi votar. O Ornel tá fora. Que ano estranho. Voltei para dieta. Pessoal parou de usar máscara. Falei de signos com a prefeita. Conheci mais três enfermeiras. Tá, eu tenho cara de doente. Bah, a guria do sorriso lindo era leonina. Não tem mais leitos de covid. Que signo insuportável. O racismo fez mais uma vitima no Carrefour. Morreu o Maradona. A Paula foi reeleita. Leoninas são insuportáveis.
Um ano que meu pai faleceu. Chorei. Sorri. Chorei de novo. Namorei com a moça do outdoor. Mentira. Tomei uma cachaçada. Que ressaca. Não vou beber nunca mais. Trabalhei mais que NUNCA. Bebi de novo. Achei que em dezembro tudo estaria normal. Tem máscara com barba de Papai Noel para vender. Comprei uma máquina de café. Umas camisetas. Um tênis. Não preocupo com quanto tenho na conta. Obrigado por se intrometer, André. Librianas são terríveis. Virginianas. Cancerianas. Aquarianas. Todas são insuportáveis. Afirmei isso para não ter que admitir que sou o insuportável. Sou geminiano. Que signo terrível. Pavê ou para comer? Independente disso tem que usar máscara. Feliz Natal. Réveillon. Esse ano passou rápido. Sonhei com ela.
Humorista, roteirista, social media, cinéfilo, anão de circo, bailarina do Faustão e gordo nas horas vagas. Criador e Faxineiro na Pelotas da Depressão.